Homenagem

Aos combatentes açorianos e continentais que souberam, apesar das circunstâncias, defender a responsabilidade social básica de todos os cidadãos e preservar a sobrevivência da sua sociedade e os valores que a caracterizam.

Saibamos ser dignos do que fizemos para dizermos - MISSÃO CUMPRIDA

HISTÓRIA

A Companhia de Caçadores 4742/72 foi formada no dia 17 de Junho de 1972  no BII-17, Angra do Heroísmo, Ilha Terceira - Açores. Todos os soldados e cabos eram oriundos dos Açores, excepto os enfermeiros e criptos. Também algumas especialidades, como condutores, mecânicos e transmissões, tinham elementos açorianos. Oficiais e sargentos eram metropolitanos. A companhia viria a ficar completa em Angola, com a inclusão de 40 (quarenta) militares angolanos. 

A Companhia jurou bandeira a 22 de Dezembro de 1972, seguindo de imediato para férias. A 15 de Janeiro de 1973 chega à metrópole para a realização do IAO no quartel de Brancanes (Setúbal), onde permaneceu até 29 de Março de 1973 dia do embarque para Angola. A viagem foi feita a bordo do Boing 707 dos TAM (Transportes Aéreos Militares), chegamos a Luanda dia 30 de Março de 1973 pelas oito da manhã. Aqui chegados, fomos encaminhados para o Campo Militar do Grafanil, onde viria-mos a receber o armamento e a formação básica para militares que iriam permanecer em zona de guerra e as vacinas da praxe.  

A ida para o Lufico (Norte de Angola) pertencente ao sector de S.Salvador, onde fomos render a C.Caç. 3410, dá-se a 5 de Abril de 1973. Chegamos ao nosso destino (Lufico) cerca das 23 (vinte e três  horas). Depois da recepção da praxe, fomos instalados pelos nossos camaradas da referida C.Caç..

O nosso quartel situava-se num planalto tendo o Rio Lufico a Sul e rodeado de extensa floresta, a nascente ficava um enorme pomar de laranjeiras e tangerineiras, o que nos indicava (os elementos são nulos) a existência de bastante população antes de 1961 (início do conflito). Durante a guerra (1961-1974) não existia  população civil, o aquartelamento era isolado e tenebroso. A povoação mais próxima (Tomboco) situava-se a Sul, a cerca noventa quilómetros de picada traiçoeira e perigosa.  Quarenta quilómetros a Norte situava-se M'Pála , eram as únicas duas vias de comunicação que existiam. A zona de nossa jurisdição era vasta e diversificada, a nossa função era sobretudo impedir a infiltração de elementos do IN oriundos do Congo e que abasteciam com armas e munições o inimigo. Por conseguinte, a nossa missão era o patrulhamento dos vários trilhos por eles percorridos e impedir a sua passagem pelos mesmos. Assim, eram frequentes as operações de patrulhamento e montagem de emboscadas em zonas por nós consideradas mais sensíveis, na sua maioria por ordem emanada do comando de sector. As operações duravam dois, três ou quatro dias, dependendo da zona onde eram realizadas. Apesar de se encontrarem em muitas delas vestígios de passagem do IN, só por uma ocasião nos deparamos com um acampamento onde se encontravam três ou quatro elementos hostis. Sentido a nossa aproximação e sem terem qualquer tipo de reacção contra nós, fugiram em demandada deixando para trás todo o material - espingardas HK47 e FN!!!!, cartucheiras, granadas de mão, mochilas e uma enorme variedade de alimentos. Sofrendo uma perseguição impiedosa da nossa parte, foi-nos impossível capturar algum elemento, isto também se deveu ao aproximar da noite.

Apesar de tudo ainda deixamos obra feita no Lufico. A saber - Construção de um paiol de munições. Construção de valas ao redor do aquartelamento e abrigos em locais estratégicos. Construção do posto de rádio. Construção da caserna dos condutores e mecânicos. Construção de um campo de futebol de 11. Construção de um poli-desportivo. Entre outros melhoramentos vários.

Dia 8 de Setembro de 1974 foi-nos informado através de mensagem que a nossa missão tinha terminado. Dia 21 de Outubro de 1974 parte para Luanda metade da companhia com destino ao antigo quartel da OPVDCA. Dia 28 parte a restante companhia. Chegados a Luanda a nossa missão até dia 17 de Dezembro (data da partida para a metrópole) foi o patrulhamento dos musseques em redor de Luanda e a segurança ao aeroporto.

Nota
A nossa única vítima mortal em combate foi o soldado Bernardo Fula no dia 15 de Outubro de 1974. Ironicamente no mesmo dia do término oficial das hostilidades em todo o território angolano. 

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