Homenagem

Aos combatentes açorianos e continentais que souberam, apesar das circunstâncias, defender a responsabilidade social básica de todos os cidadãos e preservar a sobrevivência da sua sociedade e os valores que a caracterizam.

Saibamos ser dignos do que fizemos para dizermos - MISSÃO CUMPRIDA

A NOSSA MISSÃO EM ANGOLA

A nossa missão em Angola tinha várias vertentes. Devido ao local onde nos situava-mos, a nossa companhia tinha como missão principal o patrulhamento de itinerários por onde se infiltravam elementos IN vindos da República do  Congo, e que abasteciam de armamento, munições e restante logística os seus camaradas mais a Sul (zona dos Dembos). Por tal, era por nós frequente a montagem de emboscadas em locais previamente delineados pelo comando de sector sediado em São Salvador e por nós realizadas. O patrulhamento de trilhos utilizados pelo IN era grosso modo a nossa principal missão. As operações poderiam durar entre dois a cinco dias, dependendo do local onde as mesmas ocorriam. A mais complicada e demorada era a célebre "Volta ao Mundo" que durava cinco dias e abrangia a zona mais distante do aquartelamento. A segurança ao MVL (movimento de viaturas e logística) era uma das nossas missões. Duas vezes por mês iam-mos ao Tomboco (90 Km a Sul do Lufico) proteger as viaturas civis que nos traziam o reabastecimento de alimentos enlatados, bebidas e material de logística diverso. Os alimentos frescos - carne e/ou peixe, legumes e frutas, etc., chegava-nos de avião da CTA ou de DO. Nas colunas de protecção ao MVL e sempre que saía-mos para a picada, eram sempre utilizados dois grupos de combate (50/60 elementos), transportados em sete viaturas Unimog, com mais duas Berliet, uma na cabeça da coluna (rebenta-minas) e outra na cauda, ambas apetrechadas com protecção em cimento-armado ao apontador de metralhadora e o respectivo municiador. (ver imagens neste blogue). O armamento utilizado por nós nestas colunas era o seguinte: 50/60 - G3, 1 Breda na Berliet da frente e 1 MG-42 na Berliet da retaguarda, dois morteiros 60, dois lança-granadas, duas HK-21, dezenas de granadas ofensivas e também vários dilagramas.
     Também fazia-mos protecção ao MVL de Ambrizete a São Salvador para onde destacava-mos um grupo de combate quando era necessário.
   Fazia-mos protecção à JAEA quando esta se encontrava a reparar a picada ou as pontes no itinerário Lufico - Tomboco ou Lufico - M´Pála.
     Por várias vezes fizemos operações conjuntas com os Pára-quedistas quando estes se encontravam na nossa zona a operar.
   Construí-mos de raiz - campo de futebol,  ringue poli-desportivo,  posto de rádio, caserna dos condutores, valas e abrigos em todo o perímetro do aquartelamento e o paiol. Efectuamos também várias obras de restauro e melhoramento, como a padaria e o oficina-auto.
    Na nossa estadia em Luanda no final da comissão (21/10/1974 a 17/12/1974) também nos foram incumbidas várias missões - protecção diária (24 horas) ao aeroporto de Luanda por um grupo de combate, patrulhamento dos bairros na periferia de Luanda.
    Foi assim em síntese a missão da C.Caç. 4742/72 em Angola. Fizemos o nosso melhor, sempre imbuídos no espírito patriótico e de missão, nunca nenhum problema ficou por resolver, a nossa coragem e abnegação foram exemplares.
     
            João Gouveia
Furriel Miliciano de Infantaria

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